Depois era toda aquela sensação de que tudo corria mal: o pneu furava (está bem que tava careca, mas também podia ser por causa de um buraco na estrada); depois o carro brecou (ainda que tenha sido por falta de gasóleo, podia muito bem ter sido por causa de uma avaria no motor); na conta restavam meia dúzia de cêntimos (sim, comprei aquelas calças e aquele casaco lindíssimo, mas se tivesse estado doente, entre o pagamento da consulta e os medicamentos tinha ficado na mesma precariedade); namorado, bem... já nem me lembro do último (único?) que tive (ok, não tenho procurado, mas também nao tenho estado escondida)...
Resumindo, a minha vida precisa de uma intervenção sobrenatural, com ou sem baralho de cartas, com ou sem bola de vidro, preciso de ir à bruxa!
Sim, vou, mas não sei por onde hei-de começar... Apresento-lhe uma lista de prioridades? Começo por falar do amor (da falta dele)? Ou do trabalho (quer dizer, eu queria mesmo era um emprego)? Claro que também era importante resolver a questão do dinheiro. Penso que nessa questão, aliás, obtemos o melhor trabalho dessas notáveis senhoras. Encomendamos a mezinha, e depois dizemos: quando, por ter feito um bom serviço, me tiver resolvido a questão, passo por cá e pago-lhe.
É que eu vim à consignação...