quarta-feira, dezembro 24, 2008

Editorial de Natal

Que o Natal não seja só o fantoche das barbas, a árvore com lâmpadas fundidas e fitas depenadas, os bonecos do presépio, a missa do galo, o lote de embrulhos do shopping, o peixe da Noruega feito em farrapos, o bolo das favas e da fruta reciclada, o frete das famílias.

Vamos aproveitar o bom tempo e deixar que as estrelas nos guiem, como aos reis magos, até um cenário de alegria, saúde, humildade e família. Porque há valores mais altos que os da moda e mais antigos que os contos de fadas da religião.

Que em 2009 nunca nos falte saúde, trabalho nem boa vontade.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Happy nation, living in a happy nation...


É certo que a minha experiência na habitação vertical não é muita, mas sempre me pareceu que a história das vassouras a bater no tecto era sempre evitável e que com bom senso (seja lá o que isso for), seria possível co-habitar no mesmo prédio.
E seria, não fosse a necessidade dos vizinhos (às vezes, também quem sabe..) de andar pela casa em stilettos, de ouvir, no máximo de volume que a tv permite, canais infantis às 7h40 da matina (vale tudo na odisseia de pôr os miudos a pé sem birras), de não ter qualquer travão na língua que poupe o resto dos condóminos de saber o quão bem os dótôres dominam o mais variado calão e palavrão da língua tuga, ou até de se manter amena cavaqueira até às 6h num quarto que fica exactamente acima do quarto do andar de baixo. A expressão «sai de baixo» ganha um novo significado...
Bem, talvez seja eu que tenha os ouvidos sensíveis e a família de cima até não faça assim tanto barulho, mas não deixa de ser estranho os meus vizinhos do andar de baixo também se queixarem dos barulhos de dois andares acima.
Onde está a vassoura??

segunda-feira, novembro 24, 2008

O Natal é quando o homem quer... (e o burro e a vaca e o José e a Maria e...)


No canto da sala existe já pela primeira vez na história daquele andar uma árvore com 2 metros ou qualquer coisita acima da conta certa. Tudo começou com o desembrulhar da caixa, o espreguiçar de cada um dos ramos e eis que 2 horas, 5 fitas, 2 correntes, um chorrilho de lâmpadas e 91 bolas depois quase foi possível sentir na cara o calor da lareira na noite de natal. Bem... não foi da lareira, eu instalei o Natal lá em casa nos primeiros dias de Novembro num dia de Sol cujos raios entravam pela janela e vinham pôr na árvore a brancura que a neve não lhe dava.
Oops, o topo estava ainda um bocado nu. Na falta de anjos, coloquei lá um pai natal de cerâmica sentado num sino comprado numa loja da concorrência. De qualquer forma, e tenham os anjos o sexo que tiverem, há muito que o macho man do pólo norte monopolizou o mês das luzinhas e dos embrulhos.
A epopeia continuou com o presépio. Very childish, como tantas outras coisas lá por casa.
Tenho um menino que parece uma mumiazinha, ou se calhar uma borboleta que ainda não o é. Longe de mim chamar nomes ao senhor dos espinhos ou insinuar alguma coisa acerca da sua virilidade pouco atestada nos blogues bíblicos da época e de quem não se conhece descendência.
Mariposas à parte, segue-se um José que é, como o nome indica, um homem comum como há tantos, que vive à sombra da mulher, essa sim famosa, a quem continuam a lisonjear com festas, romarias, procissões e até nomes de ruas. Um José que criou, de plena consciência, ao contrário de muitos, um filho que não era dele e que o ensinou a ser carpinteiro, quando toda a gente sabe que médico e advogado é que ganha dinheiro. Boa pessoa, mas pouco inteligente. O rapaz porém acabou por encontrar vocação noutro cargo de dinheiros facilitados: político. E tinha jeito. Continua a ter muito militante no partido que fundou.
Do outro lado, com um carrapito de cada lado, a Maria. É um facto que não teve grande sorte na clínica que escolheu mas quando a avisaram que vinha aí rebento, já não foi a tempo de subscrever o Médis por causa do período de carência. E o que o estado comparticipa é um telhadinho de colmo, um leito de musgo, e um ar condicionado patrocinado pelos animais da quinta.
Por falar nisso, atrás do trio admirado está o asno, a soprar ao pequenote. Estamos em época fria. Já não há moscas. Se houvesse, quando ele sacudisse o rabo fazia vento, e lá se ia a teoria dos bichos como fontes de calor natural, q'ais geisers das grutas... Mas, vai dái, eram úteis na mesma, para afastar o calor do menino. Conclusão: burro é util como fonte térmica ou como ventilação. Toda a gente devia ter burros em casa (mas acho que acontece mais amiúde do que se gostaria...).
A vaca... bem, a vaca anda por aí, estamos quase no fim do mês e ainda não a vi. O tempo joga a favor. Sorte para o puto. Se estivesse a contar com o calor da vaca, que é uma figura conhecida por dar calor, bem morria. Deve estar a escrever outro livro.
Tenho um pastor e três memés que mais parecem caniches. Estão um bocadito magros e pequenitos. Bem-aventurados os que passam fome porque serão saciados. Descansem bichos que quando o cachopo crescer, e morrer, e o mundo acabar, virão tempos de prosperidade para vocês e as ervas vão ter 2 metros de altura como essa árvore que vos está agora a fazer sombra e que escusam de roer que é de plástico.
Em cima da cabana, tenho um anjo. Volta e meia tomba. Pensei que os anjos não bebessem... Está a mudar a minha ideia da igreja. Quando olho para ele sinto-me mais perto do Altíssimo.
A fechar a pintura lá estão os senhores da TMN. Desta vez não foram visitar a tia a Marrocos, e nas caixitas não trazem telemóveis. Estou intrigada: tenho três reis e só um camelo. O preto, claro, veio a pé, mas e os outros, juntinhos no mesmo camelo... Parece que destes três reis nenhum é de espadas... iupi ai ai iupi iupi ai!!
E é assim esta a imagem de família unida e feliz tão tradicionalmente portuguesa, sobretudo pela parte da cabana e por o único vislumbre no cenário de bacalhau ser o farrapo velho, que me aquece o coração e me faz querer que esta época de paz, amor e harmonia não acabe, porque Natal é quando o homem quer, que o digam as Marias, os Josés, os burros, as mariposas e todas as vacas que nos dão cor à vida durante os outros meses do ano.

Bom Natal.

segunda-feira, novembro 10, 2008

From channel 5.. back to you

Com a mesma vontade que decidi deixar de escrever aqui, penso agora que é melhor escrever para tudo e para nada do que não escrever de todo. Exercita os dedos e exercita o cérebro. Assim, mais de um ano depois do último post e depois de uma.. bem, duas mãos cheias de alterações no contexto sociocultural e interpessoal, este blogue sai do congelador e volta para a prateleira para uma (in)finidade de cozinhados.