Não acredito que haja alguém que a esta altura do campeonato nao tenha começado a contar tostões para saber a quantos dias e a quantos quilómetros de casa poderá ir nos dias em que o patrão é obrigado a abrir mão de si involuntariamente ao abrigo de um qualquer artigo do código do Direito do Trabalho, o tal código que torna um assalariado contratado protegido por uma máquina governamental especial que transforma onze meses de trabalho em catorze meses de salário, va-se lá saber porquê. Não que o dinheiro seja muito, nunca é... Mas também não se pode dizer que o português comum ganhe menos do que merece...
Ora entao, FERIAS... Dei por mim ontem a concordar com uma rábula cartonista do JN:
- Quatro em cada cinco portugueses vai para fora cá dentro.
- Pois, e o outro, que sabe línguas, vai para fora que é mais barato...
Que o país está de tanga já nos disseram, mas nesta altura até proporciona um bronzeado mais apelativo... Agora faz-me alguma confusão que seja mais barato ir uma semana para a Madeira (fora cá dentro, mas da parte de fora) do que passar uma semana em Vila Nova de Cerveira, que fique (muito) mais barato ir uma semana para o Brasil do que para o Alentejo, que seja menos doloroso para a carteira refastelarmo-nos numa esteira em Cabo Verde do que fazer concorrência ao Zezé Camarinha entre as aveques e as camones no Algarve.
Todos nos queixamos do preço do combustível, mas começo a pensar que o defeito é dos veículos estupidamente gastadores com que nos movemos em terra, já que qualquer viagem que inclua avião fica mais em conta. Se bem que como as férias de cá nao incluem a viagem que o Pobre faz até ao destino, o problema poderá estar antes no custo da alimentação. Ora estamos a falar de cinco míseros pequenos-almoços que se fazem em duas horas e meia, máximo, na totalidade... talvez a diferença resida na qualidade do colchão, ou das vistas, ou entao, da falta de vista de quem faz, cá dentro, preços para fora.